Hoje no metro.
Cenário: uma idosa corre a carruagem de uma ponta à outra a pedir a bondade de quem a ouve (como quem diz, à procura de moedinha). De bengala, muito bom aspecto, enfim, os novos pobres. Não é cega, não toca acordeão, não traz nenhuma criança atracada a ela, só a a bengala e a mão estendida.
Apareceu-me de surpresa e o impulso foi: não tenho. Desde que fui enganada e alguém estupidamente me ficou com 10 euros, nunca mais dei dinheiro a ninguém. Desta vez arrependi-me. Não sei porquê, talvez por perceber que se não faz malabarismos no metro para receber uma moeda em troca, é porque precisa. Podia ser a minha avó.
Fiquei a observar o caminho que a senhora levou e até onde a vista alcançou percebi que pelo menos três pessoas contribuiram com algumas moedas. Curioso é que nenhuma das três pessoas era portuguesa. 3 homens, 3 indianos, daqueles que imitamos no café, daqueles que quando passam por nós tapamos o nariz, 3 homens provavelmente ilegais, mas 3 homens que o foram mais do que eu.
Para a próxima vai ser diferente? Espero que sim.
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